sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Medo do Inconsciente



Estou aqui fugida do meu sono, por puro medo de que parando, ele não me alcance.
Eu avisto a frente uma montanha de idéias misturadas e confusas


Ela é grande demais para que eu desvie.
Alta demais para que eu me lance nela.
Seca demais para que as minhas lágrimas a façam viva.

Parei ali, estática.
Uma idéia me fere mais que as outras.
O que eu faço com ela?

Como uma antena acesa, fincada no meio de tantas outras idéias.

Como deixo só uma parecer mais válida?

Que poder esta questão tem sobre mim que me apresenta tudo como uma montanha que não consigo ultrapassar?

Essa antena nada mais tem, senão o poder que dei a ela para controlar minha vida.

Será que a luz dessa antena não me ofusca e não me deixa olhar para mim?
Ou será que é a sombra dessa montanha que me faz olhar para dentro?
Talvez as duas juntas.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Necessário

A raiva inspira mais que a calma, portanto serei breve:

O peso muitas vezes vem de dentro, não de fora.

A beleza está nos olhos de quem vê, inclusive nos nossos, quando nos olhamos no espelho.

As raivas podem ser justificáveis, mas sua existência, nunca desejada, mas necessária, é sempre parte das pequenas mortes que vivemos para aprender a morrer e a viver de verdade.

!!?!! Desnecessário !!?!!


Era desnecessária a referência,
Eram desnecessários os questionamentos dele,
Eram irritantes as defesas dela,
Eram justificaveis as diversas raivas minhas.


As bigornas dos pés fizeram um simples passo besta, ressoar como terremoto
As bigornas com asas fizeram o peso dos passos parecerem mais fortes.
As bigornas que me parecem prender no chão, potencializam minha agônia de estar aqui.
Piores mesmo são as bigornas de dentro, que me afundam, cercam, oprimem, enterram!


A referência...
Pq esse prazerzinho besta de me irritar ?
Oque sai daí como um "nadinha" pode chegar aqui como uma bigorna.
Para que lançá-la assim sobre mim?
Só para me mostrar que te parece leve atirá-la em alguém? Me denunciar o quanto o que sai de ti como peso-pena pode me afundar?
Onde está o prazer?
Em arremessar leve o meu peso, ou anunciar que não te pesa?


Os questionamentos...
Para que me perguntas se ele esta feliz? Não te importas com ele, eu sei.
Nem comigo, nem com nada.
Tens umbigo e ausência de cérebro, nada mais. Concordemos.
Perguntou-me apenas para que eu te confessasse que não? Para que assim vc também sentisse algum tipo de prazerzinho besta, só de enxergar que você não é o único infeliz nesse mundo...
Confessa teu descaso vazio-com-pernas, é mais digno.


Das defesas...
Ela se defendia das culpas todas dela mesma. Ela sabe de tudo que tem que se fazer, não faz por incapacidade de aceitar oque enxerga. É mais fácil sempre, fingir-se cego.
Não se vendo, escondemos-nos na desculpa do desconhecido motivo real das culpas, medos e iras.
Não és cega senhora de 46. Sabemos disso não?
Orgulhe-se e consuma-se nesse seu um diazinho a mais de glória, de "magestadezinha-hipócrita", de pseudo-poder sobre tudo e todos... um dia, tds os dias te pesaram de uma vez, como se fosse um dia só. Verás que foi uma vida inteira que te pesou...
Que diferença te faz um dia a mais de enganos, depois de uma vida enteira mesmo? NENHUMA... Dó da tua cegueira opicional senhora-velha!


Pelas raivas minhas...
Se eu soubesse mesmo justificá-las, me esquivaria delas.
Não escreveria nada disso aqui.







domingo, 25 de janeiro de 2009

Befores....

Antes....sempre antes. Antes que você fosse embora, eu não via como podia ter te abraçado mais, te beijado mais, te olhado mais, conversado muito mais, ficado em silêncio, dado as mãos, ter me despedido melhor.....

Talvez não. Não teria conseguido me despedir de você nem se toda a vida fosse o tempo que eu tivesse para te dizer adeus.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Um jeitinho Piga de se comunicar....

No entanto, uma das teorias hereges da origem do Ornitorrinco é a seguinte:Após Deus ter criado todos os animais, e ter criado o Homem para ser o "ser supremo sobre todos os outros", ele descansou no 7º dia.Mas ao voltar ao trabalho(?), ele se deparou com um memorando do Departamento de Marketing Celeste, pedindo uma reunião urgente.O diálogo na reunião foi:"Sensacional o trabalho que Você fez na Terra. Parabéns. Mas agora temos que pensar em como recuperar o dinheiro investido. Pensamos em pelúcias dos animais mais fofinhos, e um brinde extra para quem comprar toda a coleção: um animal NOVO, q não tenha igual em lugar algum do Universo, e que será Sua suprema criação.""Mas como assim? O HOMEM é exatamente isso! Além do que, com que material Eu vou confeccionar um novo animal??""Temos certeza que sobrou material da Criação. E confiamos em Sua criatividade. Boa sorte e que Você esteja Convosco!"E Deus pensou, pensou, pensou, e após enormes esforços, apareceu com a criatura mais linda do universo. Mais fofinho que um coelho, mais amigável que um cachorro, mais comportado que um peixe dourado, mais cativante que um gato persa, e muito mais útil que um cavalo. E o batizou de Oduvaldo.Na próxima reunião com o Marketing, Deus apresentou o Oduvaldo, e como publicitário TEM q dar palpite em TUDO, resolveram fazer um "Brainstorm" e pedir alterações no pobre Oduvaldo:"Mas rabo de pompom já tá demodé! Usa um rabo igual do castor... pra impulsionar na água.""Mas se é pra nadar, que tenha pés de pato!""Se já vai ter os pés, põe um BICO pra dar harmonia no conjunto! A última enquete feita na faixa etária de 6 a 12 anos, mostrou que patos são lindos pela harmonia das formas...""Poxa, não tá parecendo DEMAIS com o pato? PATO nós já temos...""Então põe uma pele cabeluda, sedosa... essa versão felpuda é legal, mas na água não desliza!""Outra coisa, esses bichos que nascem pela vagina, fazem uma sujeira!!... por que não fazemos uma coisa mais prática, que venha em ovos, como um Kinder Ovo?""Gente, tá muito passaresco esse Oduvaldo...""Aliás, por que 'Oduvaldo'? Tudo bem q nomes q começam com 'O' são populares na classe C e D no Hemisfério Sul, mas sei lá, não tá sonoro!...""E se botarmos um nome q tenha a haver com o verbo 'brincar'? Ajuda na hora de fazer o jingle...""OK, mas TEM q ser mamífero. Pra vir nas caixinhas de leite!""Ele não ia vir no Kinder Ovo?""Isso eu não sei, mas que ele só exista numa parte remota do planeta... pra conferir um ar de coisa exótica. Isso AGREGA VALOR..."E após 8 reuniões, até em dias de Seu descanso sagrado, Deus conseguiu a aprovação do Marketing, entregou o ORNITORRINCO, e de tão desgostoso com o resultado, ABANDONOU o Homem à sua sorte, para reinar sobre todos os ornitorrincos, que além da óbvia constatação de ser o bicho mais gozado do planeta, ainda não serve pra PORRA NENHUMA.Dizem que Deus agora cuida de Seu jardim do Éden II - gleba VII, onde nenhum humano orgulhosamente jamais esteve.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009



É injusto que se apeguem a mim, embora o façam com prazer e involuntariamente. Eu iludiria aqueles em que despertasse desejo, pois não sou o fim de ninguém e não tenho com o que satisfazê-los. Não estou eu pronto a morrer? E, assim, o objeto do apego dessas pessoas morrerá. Logo, quando não seria eu culpado por fazer crer numa falsidade, embora eu a adoçasse e acreditasse nela com prazer, e que ela me desse prazer, ainda assim sou culpado de me fazer amar. E, se atraio as pessoas para que se apeguem a mim, devo advertir aqueles que estariam prontos a consentir na mentira de que não devem acreditar, qualquer que seja a vantagem que daí me advenha.

As Bigornas

Elas são pretas, pesadas e têm um formato peculiar: retangular com um bico em uma das pontas. Elas caem na cabeça de desenhos animados, como se fosse comum chover bigornas. Elas metem medo em menininhas pequenas que acreditam no que vêem na TV. Mas eu acho que elas estão muito mais próximas da gente do que realmente se nota. Tem dia que eu acordo com uma em cada perna: qualquer passinho, por menor que seja, faz tremer o chão. Faz a gente ficar com vontade de não sair do lugar, de criar raiz naquele chão e ali ficar pra sempre (as árvores pelo menos se alimentam do chão, se é isso o que você está pensando). Outros dias elas estão ao nosso redor: onde quer que eu olhe, lá tem uma bigorninha...silenciosa...observando todos os meus passos. Em alguns dias excepcionalmente nublados, elas realmente caem do céu...e dói, irrita, não tem neosaldina que cure...mas nada que um dia de sol não faça esquecer. O problema mesmo é quando a gente olha no espelho e vê que ela está dentro da gente. Continuo com os meus 49 quilinhos (mentira, 51) mas parece que meu coração virou uma bolinha de densidade infinita, com ela lá dentro. E às vezes carregar a bigorna é necessário...mas quando for só por opção, jogue ela na cabeça do Zeca Urubu e saia voando.

O haver...

http://br.youtube.com/watch?v=u6LcZfStlfc&feature=related

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

AS LUVAS

O que cobririam aquelas luvas?

Cobririam a honra. Elas custaram R$ 12,00.
Quanto custa a sua honra? Quem te disse?
Quem foi que determinou que honra se tinha? Se a temos, o que nos faz perdê-la?
Honra, honra, honra! Poupe-me desse clichê...

Vendi minha honra para os Senhores Donos da Verdade.
Ando roubando a honra de uns por aí em lugar da minha.
Será que me têm sido justas as ofertas?

O que há em mim de desconhecido para encobrir por essas luvas?

Somos todos iguais, temos olhos, pernas, buracos, dores e fluxos. O que me torna especial?
Adoráveis luvas, vocês me escondem o que nem eu sei se tenho; mas, certamente vivem a testá-la em mim. Hoje comprei uma luva de honra.

Como aquela que permitiria tudo, menos o beijo, eu mostraria tudo, menos o que há por trás das luvas.

O que há? Você sabe?

Acho que todos deveriam ter uma “luva de honra”. É necessário convencer-nos de que sempre há algo de desconhecido por nós à esconder dos outros.

Sem isso, podemos perder o que nos torna especiais.

Num cenário onde tudo é igual, todos são iguais, preciso esconder o que me faz diferente.Quem sabe assim, me convenço disso?!

Eu tiraria tudo de mim, e de ti, menos as luvas...

Adoráveis, fortes e lúdicas luvas.

A casca

Será o maior intervalo entre as letras que me diminui tanto os enganos ao escrever no que ao falar?
As vírgulas me dão mais ar... Falar sempre sufoca, e pode parecer fácil.
Essas reticências prolongam minhas certezas. Fulgazes e irônicas, minhas certas esperanças ficam presas aqui.
Em lugar das lágrimas, aqui só a fumaça me inebria o enxergar.
Com isso enxergo, o que não quero ver e sinto.
Sinto, sinto.

Trabalho com o grafite essa angústia de falar.
Escrever, por um lado, é também me fechar cada vez mais nesse claustro meu chamado consciência.
Parece que fica grudado aqui nessa folha tudo oq quero que saia de mim. Para de ressoar!
Memórias, memórias, memórias!
Para que registrá-las aqui?
Daqui, o vento não as leva, assim como de meu coração.
Saudades, saudade de não saber escrever. De sentir sem compreender que se sentia.
Minha força é como uma fina casca de ovo. Se consciênte fosse de poder gerar a vida, se quebraria por puro medo de se quebrar.

O saber-sentido das minhas palavras me impede de negá-las aqui.
Eu as registro, para quando for chegado o tempo das inconsciências eu possa recorrer as memórias. E nesse dia me lembre: Eu era uma fina casca, á toa quebraria...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

22:59

Prefiro escrever do que falar, mesmo que as palavras não possam ser apagadas. É mais fácil esquecer do que se leu, pois as palavras não têm rosto.

Caixa de Pandora

Tinha 15 anos e uma sede insaciável não sabia do que. Queria entrar no mundo dos “adultos”, que ela imaginava ser o objetivo final de toda a existência: esse misterioso mundo das coisas que adultos fazem. Beijar na boca, o primeiro ritual de passagem, ela acreditava. Precisava desesperadamente beijar alguém na boca.
Segunda-feira, ela acordou cedinho e tomou café-da-manhã, ainda meio sonolenta. Colocou o uniforme e foi para a aula, sentindo o agradável vento gelado da manhã que mal começara. O vento a despertou. Entrou na sala de aula e logo foi puxando conversa com a melhor amiga, que sentava bem atrás dela, lembrando do fim de semana e atormentando a amiga que ainda estava saindo do mundo dos sonhos da noite anterior. Como a Juju gostava de dormir, meu deus, que saco isso! Ela acordava todas as manhãs pronta para engolir o dia, enquanto a Juju só queria fugir do mundo embaixo de seus cobertores. Perguntou do Nick... Será que a Juju tinha visto ele na hora que chegara? Ela não tinha. Esperava o fim de semana inteiro para ter o gostinho de chegar à escola segunda e ver o Nick chegando, com seu bermudão largo de menino mal, boné, cabelo loiro e ar de desdém. Achava linda a carinha de tédio dele. Parecia que ele sabia o segredo da vida e agora que tinha descoberto, achava tudo uma grande chatice. Só fazia as coisas por que já estava por aqui mesmo. Ela se sentia uma boba, apesar de ninguém suspeitar disso, pois fazia questão de se por, no alto de seus 15 aninhos, como uma pessoa vivida e sábia, que até dava aulas particulares para ganhar seu próprio dinheiro do fim de semana.
Um dia, cansada de nada acontecer, ela teve um estalo: deixar um recadinho na lousa da sala dele, confessando o que sentia, mas sob um pseudônimo. Nada mais emocionante! Daí não ia mais precisar contar com a sorte de vê-lo de manhã para ter um dia mais interessante, era só continuar escrevendo e ela teria diversas pequenas emoções espalhadas pela semana! Esperou dar o sinal da saída e foi até lá: “Nick, se você soubesse que quando te vejo meu mundo todo paralisa... o que você faria? Ass.: Misteriosa (da oitava A)”.
Pronto, havia jogado os dados! Agora era só esperar. Enquanto esperava, pensava nas mil possibilidades de resposta que ele daria, se ele a olharia de um jeito diferente amanhã, será que ele descobriria? Será que ele ia gostar de saber que tinha sido ela a escrever o recadinho? Ai deus!! Que ansiedade!!
Chegou à escola terça e foi logo conversar com a Juju (que com seu habitual mau-humor das manhãs, preferiu deitar na carteira e tirar uma soneca). Olhou a lousa diversas vezes, mas já esperava que ele não fosse responder, assim, tão rápido. Ela sabia que os meninos tinham mais dificuldade de expressar sentimentos. A terça-feira passou, a quarta também, depois a quinta e a sexta. Ela estava explodindo de ansiedade. Poxa vida, ele podia pelo menos ter tido a curiosidade de dar uma espiadela pela porta da sala de aula, para ver se descobria quem era. Nada. Mas ela sabia que ele era assim mesmo, que, com sua carinha de desdém, no fundo ele estava morrendo de curiosidade. Não era possível não estar. Ela estaria, e como!
Segunda-feira de novo. Aula de educação física, sua favorita. Não que adorasse praticar esportes, mas era na aula de educação física que todas as oitavas séries se encontravam: o Nick estaria lá, lindo, jogando vôlei com os amigos. Como ele jogava bem! Como ele era forte! Era bonito de ver quando fazia ponto e ameaçava um sorriso de canto. Ficava ainda mais lindo. Ela não sabia jogar vôlei.
O jogo acabou e ela estava sentada na escada perto do bebedouro com a Juju, que já tinha despertado e estava contando sobre uma briga com o pai. Ela não estava nem um pouco interessada na briga da Juju com o pai, mas queria que ela ficasse ali, ao lado, por que ficar sozinha sentada não é legal. Os meninos vinham todos beber água depois do jogo, não era à toa que ela tinha sentado ali. De repente ela viu: o Nick estava vindo, indescritivelmente magnético para ela, com a camiseta pendurada no ombro, suado, o bermudão meio frouxo e o olhar de desdém. Ela estava tão presa na figura dele que nem notou que aquela menina chata (e muito bonitinha) da oitava B estava tomando água bem na hora que ele chegou. A bonitinha se demorou um pouco e ela sabia, tinha certeza, que era de propósito. Que menina mais saidinha! O Nick terminou de beber água. A saidinha ainda estava ali ao lado, fingindo que nem via ele (mas ela sabia que era só fingimento). Com a boca ainda molhada com a água que bebera com tanto gosto, como se tivesse a maior sede do mundo, ele levanta e dá um beijo violento na bochecha da bonita da oitava B. Sua boca agora parecia molhada de saciedade. A chatinha ri e finge que nem ligou muito. Ele sabe que ela ligou. Ele gosta do fingimento dela. Os dois saem das quadras juntos, entre risadinhas e brincadeiras. Ela nunca tinha o visto sorrir daquele jeito.
Chegou em casa e não quis comer. Foi pro quarto e ligou o rádio. Estava tocando aquela música linda, que ela queria tanto ouvir quando estivesse com o Nick. Deu uma choradinha. Ligou pra Juju, coitada da Juju, estava passando por um momento muito mais difícil que o dela, o pai era muito bravo. A Juju contou a briga inteira. Depois ela confessou para a Juju que tinha sim ficado triste com a cena que presenciara na aula de educação física, apesar de ter negado antes. A semana se passou sem grandes surpresas.
Segunda-feira: ela sentia o frescor da manhã em seu rosto e gostava de ver o sol, ainda vermelho, que surgia por detrás da serra. Entrou na sala e levou um susto. No seu lugar estava um menino que ela nunca tinha visto mais gordo. Pediu licença, o menino saiu, sem dizer palavra. Bonitinho ele... Será que era aluno novo? A professora chegou e fez a chamada, acrescentando o nome do aluno recém-transferido da capital. Legal, além de bonitinho devia ser inteligente e saber muito mais da vida do que ela, afinal, tinha morado na capital e tudo. Começou a fofocar com a Juju (que naquele dia, excepcionalmente, não estava de mau-humor) sobre o forasteiro misterioso. No final de algumas semanas, ela havia dado seu primeiro beijo, no forasteiro misterioso, que já nem era mais tão misterioso assim.
"(...)Não existe meio de verificar qual é a boa decisão
, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez, sem preparação. Como se o ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo "esboço" não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é esboço de nada, é um esboço sem quadro(...)"

Milan Kundera, A insustentável leveza do ser.

Inspiração Alcólica

- Você sabe qual é o tamanho da sua alma?

De quantos abismos insondáveis é feita a alma?E quem sabe o que se encontrará ao explorá-los?Assim como a beleza de um dia de sol no meio do mais rigoroso inverno só pode ser apreciado com toda a niitdez se sairmos para o frio; Se dermos as mãos e nos abraçarmos pelo caminho, o frio se ameniza e só lembramos da beleza do sol e das mãos dadas.Os abismos deixam de meter medo se a eles descermos juntos.

É a exata distancia entre o seu coração, e seu cérebro.

Não queria andar - talvez.

Era um mocinho tolo e a sua canoinha.
Remou, remou, remou...
Só se cansou o mocinho, de tão tolo...
E não andou, não seguiu. Parou?

E, devagar, foi por ali o moço tolo.
De tão tolo, chegava a agitar quem olhava da praia.
Remava sem saber pra onde ia, não queria ir - talvez.;
Era sempre vencido pelo mar.

O mar, de longe sempre calmo
Engolia as remadas tolas sem se mover.
O moço, não abalava o mar.
Bem e bem eles permaneciam ali.
Imóvel. Mexidos, misturados. Inerentes.

O mundo girava ao seu redor.
Assim o tolo-moço achava que seguia pra algum lugar.
E pra onde ele queria ir?
Nem todas as facetas do mar saberiam dizer.
Ele andava sempre, sem sair do lugar.
Não queria andar - talvez.

Quando resolveu abrir os olhos, notou que ainda estavam ali os pobres pescadores.
Ah, como queriam poder ter ajudado.
Viram-no naufragar dali.
O pobre moço tolo, agora é peixe ...