sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Diz muito pra mim tambem...

Enquanto a chuva molha o meu rosto
Ela esconde a minha lágrima
Que insiste em encontrar o chão.

Enquanto o frio toma o meu corpo
Eu aprendi sem a gramática
Que saudade não tem tradução.

Eu preciso tanto de Você
O seu amor é o que me faz crescer
E conhece como a própria mão
Cada medo do meu coração.

Hoje pensei tanto em nós dois
Que não podia deixar pra depois
E eu vim aqui só pra dizer:
- Que eu sou louca por Você

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Chegarà o dia...

Chegarà o dia em que cada uma dessas afliçoes serà o riso nosso de cada dia.

Chegarà o dia em que todas essas inseguranças minhas, serao a certeza diariamente relembrada de que o amor poderia dar certo.

Chegarà o dia em que cada uma das minhas lagrimas podera ser carinhosamente enxuta pelos teus gestos.

Chegarà o dia em que o dormir serà dormirmos. E o acordar serà acordarmos.

Chegarà o dia em que os sonhos serao a nossa realidade.

Chegarà o dia em que a maior distancia entre nòs serà os dois palmos necessarios para que eu nao sinta calor demais.

Chegarà o dia, em que os rolinhos serao soniferos, e os pezinhos despertador. Assim, entao, serao os nossos dias mais felizes.

Chegarà o dia em que 1912, serà nosso quarto.
Que a realidade, serà toda como sonhamos hoje.
Que o medo, serà apenas de que o tempo passe ràapido demais e nao consigamos colher, minuto a minuto, todos os nossos momentos.

Chegarà o dia em que seremos, enfim, sò eu e voce!!

Te amo, simples e infinitamente, assim.

Esse numero é dele?

- Nao é Ju.

Mais uma vez voce esperou a toa.
Ele nao ia ligar mesmo.

Eu sei que a sua contagem regressiva até a meia-noite doia a cada minuto.
Faltaram ligaçoes impossiveis de se receber, mas a que mais doeria seria aquela.
Aquela que voce nao recebeu por puro descaso dele, por pura falta de tato, de carinho.

Pior do que esperar o que nao vem, e esperar oque ainda poderia ter vindo, eu sei.

Assim como em 2008 ele esperou que o pai dele ligasse, na mesma agonia que voce, hoje ele nem lembrou que era seu aniversàrio. O pai dele tambem nao ligou.
As dores sempre parecem mais doidas quando sentidas na pele. Mas se ele ja se sentiu assim, maior ainda o desafeto para sequer te ligar.

Ah minha pequena, como eu queria poder tirar essa dor do seu coraçaozinho. Como eu queria te poupar de tudo que ainda é evitavel. Como eu queria sofrer no seu lugar td que te puxa para baixo. Como eu queria te ver sempre feliz, como voce sempre foi.

Ao menos se conforte em saber que eu tenho feito tudo que posso, tudo mesmo.
Alias, eu e meu amor temos feito o que esta ao nosso alcance para que vc volte a brilhar, e nao cesse nunca de sorrir, como voce merece.

Que esse carinho a distancia possa ao menos ser os lenços que sequem as suas lagrimas quando elas insistem em nao parar de rolar.
Que a consciencia do amor que tenho por voce, possa ser o motivo para nao desistir dos seus sonhos e planos.
Que a segurança de ter para onde correr, te acalme.

Nunca se esqueça: Amamos voce!!!

Um beijo grande, Ma

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O VOLTAR PARA CASA...

Voltam os incômodos, volta a insatisfação, volta o desespero.
Volta a constatação de que embora tudo me desagrade, me sufoque, me machuque, as minhas mãos estão atadas, não posso mudar nada.
As conseqüências, são mais pesadas do que o incomodo de hoje.
O drama de quem me rodeia, pode pesar mais sobre mim do que a raiva que sinto.
Ficou là o carinho, a rotina deliciosa, o amor.
Ficou là a atenção, o zelo, o cuidado.
Ficaram là as possibilidades, os sonhos e planos.
Ficou là minha metade mais feliz.

Por que eles insistem em jogar em cima de mim, a culpa de todos os problemas que eles tem?
Por que, me ameaçam tanto? Por que me humilham?

Será porque é mais fácil depositar sobre mim todas as suas frustrações do que olhar pra dentro de si próprios.
Será porque eles não encontraram mais ninguém para culpar senão eu?
Ou será porque estou mesmo sobrando aqui?

Eu quero um canto, eu quero um colo, eu preciso de ar.

Alguém sabe onde vende qualquer uma dessas coisas?

Preciso de ajuda.

domingo, 23 de agosto de 2009

Como é que pode?

Como uma bucha mal adestrada, parece que você só absorve oque não presta de tudo ao seu redor.
Como uma sanguessuga você rouba toda a minha paciência, e o meu pouco bom humor.
Vocês são iguaizinhos, os mesmos defeitos, as mesmas qualidades e o mesmo jeito baixo-podre de usar as pessoas que não conseguem nao gostar de vocês.
Sim, não posso negar, vocês são cativantes, simpáticos, gentis...
Mas por que é que não conseguem domar esse gênio estático e desprezível? Talvez nao queiram.
Vocês não tem limites, nao tem escrupulos...
Sempre com essas carinhas de coitados, conseguem fazer com que todo mundo crie uma certa auto-piedadezinha por vc's... e assim, mais e mais vc's abusam.
Talvez por isso nao tenham nada. E devo advertir-lhes, meus amores, nunca terão.
Conquistas são um mérito para poucos e vitórias são o resultado de uma conduta que vc's nunca serão capazes de ter.
Que pena... no fundo, eu ainda alimento minhas esperanças que vc's virem gente em tempo...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Ausencia tua....

Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida....

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Esse é mesmo o lado negro da força:
Imagina-se q com a mesma força q os fortes lançam-se para cima, consigam alçar-se de baixo. Grande engano...
A força é uma armadura q pesa demais, demais, acaba afundando!!!

sábado, 16 de maio de 2009

Declaração de amor aberta...

Meus dedinhos pintados de tomatinho estão confusos para te escrever.
Não sei por onde começar, sei tudo oq qro te dizer, mas não sei como.
Tô com um frio na barriga que não passa, me desconcentra, me faz rir sem perceber...
Um nó na garganta que faz meus olhos se encherem de lágrimas, de alegria...
A música que tá tocando, me faz embarcar instantaneamente num caminhao de lembranças maravilhosas dos nossos momentos...
Esqueço denovo oque estava escrevendo, e leio td que já tinha escrito com o maior amor do mundo, para ver se consigo continuar.
A verdade é uma só.... palavra nenhuma conseguiria te explicar ao certo como estou me sentindo...
Um abraço forte, sem dizer nada, te faria sentir meu coração (que quase sai pela boca agora), e te lembraria o quanto sou tua...
O quanto te amo.Te mostraria como estou feliz...
Tenho uma vontade louca de acordar td essa cidade q dorme agora, só para repetir de um em um, como amo você.
Vontade de te ligar, dizer tudo sem abrir a boca, só para que vc me escutasse respirar, e assim lembrasse que vc é esse ar que respiro agora!
Dizer baixinho: "Venha correndo, sua mulher quer dormir abraçada... está frio aqui sem você".
Para que quando vc acordasse, não soubesse ao certo se tinha sido um sonho.
Eu estaria aqui, pra te dizer que esse é sim, o maior e o melhor sonho que já vivi, e que essa é a linda realidade que nos cerca...
Esse imenso amor é real, está aqui, está ai.... Nos faz um só!!

Você estava ali

Nessa noite a chuva não parou porque você pediu, não pare por favor
E as estrelas iluminaram tudo, o sol nem chegou
Perfeição foi o que aconteceu
Descobri que o mundo gira a nosso favor

Acordei
Você estava ali
O sonho não acabou

terça-feira, 12 de maio de 2009

Leite Derramado

“Quando eu sair daqui, vamos casar na fazenda da minha feliz infância, lá na raiz da serra. Você vai usar o vestido e o véu da minha mãe, e não falo assim por estar sentimental, não é por Causa da morfina. Você vai dispor dos rendados, dos cristais, da baixela, das jóias e do nome da minha família. Vai dar ordens aos criados, vai montar no cavalo da minha antiga mulher. E se na fazenda ainda não houver luz elétrica, providenciarei um gerador para você ver televisão. Vai ter também ar condicionado em todos os aposentos da sede, porque na baixada hoje em dia faz muito calor. Não sei se foi sempre assim, se meus antepassados suavam debaixo de tanta roupa. Minha mulher, sim, suava bastante, mas ela já era de uma nova geração e não tinha a austeridade da minha mãe. Minha mulher gostava de sol, voltava sempre afogueada das tardes no areal de Copacabana. Mas nosso chalé em Copacabana já veio abaixo, e de qualquer forma eu não moraria com você na casa de outro casamento, moraremos na fazenda da raiz da serra. Vamos nos casar na capela que foi consagrada pelo cardeal arcebispo do Rio de janeiro em mil oitocentos e lá vai fumaça. Na fazenda você tratará de mim e de mais ninguém, de maneira que ficarei completamente bom: E plantaremos árvores, e escreveremos livros, e se Deus quiser ainda criaremos filhos nas terras de meu avô. Mas se você não gostar da raiz da serra por causa das pererecas e dos insetos, ou da lonjura ou de outra coisa, poderíamos morar em Botafogo, no casarão construído por meu pai. Ali há quartos enormes. banheiros de mármore com bidês, vários salões com espelhos venezianos, estátuas, pé-direito, um monumental e telhas de ardósia importadas da França. Há palmeiras, abacateiros e amendoeiras no jardim, que virou estacionamento depois que a Embaixada da Dinamarca mudou para Brasília. Os dinamarqueses me compraram o casarão a preço de banana, por causa das trapalhadas do meu genro. Mas se amanhã eu vender a fazenda, que tem duzentos alqueires de lavoura e pastos, cortados por um ribeirão de água potável; talvez possa reaver o casarão de Botafogo e restaurar os móveis de mogno, mandar afinar o piano Pleyel da minha mãe. Terei bricolagens para me ocupar anos a fio, e caso você deseje prosseguir na profissão, irá para o trabalho a pé, visto que o bairro é farto em hospitais e consultórios. Aliás, bem em cima do nosso próprio terreno levantaram um centro médico de dezoito andares, e com isso acabo de me lembrar que o casarão não existe mais. E mesmo a fazenda na raiz da serra, acho que desapropriaram em 1947 para passar a rodovia.”

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Cena

Ela desceu do carro e sentiu um arrepio de frio. O chão era de pedras e lama, mas ela nem olhou, por que a lua brilhando desviou toda sua atenção. Estava convicta, queria entrar no lago (agora não lembro se havia ou não uma cachoeira, mas na pintura que minha memória embelezou, sim, havia). Os faróis do carro dele apontavam diretamente para o lago. Ela se sentiu no palco (e como adorava os palcos). A ousadia de estar só de calcinha não era maior do que sua vontade de ser vista, iluminada, e só os olhos dele sobre seu corpo semi-nu podiam dar-lhe isso.
Olhou bem para a água, molhou o pé, estava frio...fez graça, agachou, olhou para trás, o chamou (sabendo que ele não iria, mas achava que se desse um sorriso, poderia deixar a cena mais bonita...sentiu um pouco de vergonha – mas sabia também que ele gostava de iluminá-la com os faróis do carro acesos).
Voltou para o carro depois de alguns minutos. Ele olhou para ela, sorriu, deu-lhe um beijo cúmplice e disse:

- Foi a cena mais linda que eu já vi.

Ela sorriu por dentro e por fora e pensou “eu já sabia...”
Ela nunca foi mais feliz em nenhum outro palco de verdade.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Fragmentos - F. M. Dostoiévski, in Memórias do Subsolo

"Em toda a minha vida, não pude começar nem acabar coisa alguma. Admitamos, admitamos que eu seja um tagarela, um tagarela inofensivo, magoado, como todos nós. Mas que fazer, se a destinação única de todo homem inteligente é apenas a tagarelice, uma intencional e vazia tagarelice."


"E então, que quereis?E, aliás, quereis saber uma coisa? Estou certo de que a nossa gente de subsolo deve ser mantida à rédea curta. Uma pessoa assim é capaz de ficar sentada em silêncio durante quarenta anos, mas, quando abre uma passagem e sai para a luz, fica falando, falando, falando...

A princesa

"Talvez o homem preocupado com detalhes e atento aos "mínimos necessários" não exista mesmo.
Ocorre que eu não estou pronta para me conformar com isso desde já.
Ainda acredito nos príncipes encantados, nas flores, carruagens e viagens de balão.
Sou como uma princesa crescida, mas ainda carrego os desejos e sonhos daquela 'bela adormecida' "

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Cadê?

As palavras se apagaram.
As idéias fugiram.

Sou eu, Alice...

Sou Alice que sonha com neblina
Sou Alice que tem medo de besouros e aflição de bolhinhas
Sou Alice que compra cremes de cabelo a kilo
Alice no país das maravilhas.

Sou Alice apaixonada
Sou Alice esposa sem marido
Sou Alice amante de namorado
Sou Alice tatooada,
Alice púdica que só.
A-L-I-C-E!

Sou contida-histérica e grito calada meus medos todos.
Sou Alice! E só.
Quem não me conhece que me compre.
Estou sempre a venda, olhe só!

Alice, as vezes BelaLisbela, e quase nunca Mariana.
Identidades minhas que se identificam mais comigo que eu mesma.
Sou "Dear Fake" do Alf, "esposa" do Guga e "pikininha" do Bê.
Mariana de ninguem, não adianta insistir.

Não me pergunte do que eu gosto, só sei oquê não suporto.
Não me pergunte à quem eu amo, me lembro apenas de quem eu odeio.
Não pergunte quais são as minhas alegrias, recordo apenas das minhas aflições.
Pergunte-me apenas quem sou. Te responderei imediatamente: Não sei!

Sou a ilustre confusão do que sonho um dia ser, e serei!
Sonho ser Alice, Bela e Mariana, não tão desmedidamente.
Sonho, sonho e sonho.

De repente, Mariana me acorda.
- É preciso pensar menos; Viver é simples- diz ela.
De nada adianta me falar tanto e tanto sobre tudo.
Eu esqueço, já disse.
Só lembro do que não gosto, e assim: SIGO!

Hoje, eu

Tenho andado...
Tenho comprado cigarros de dois em dois
Tenho tido pai
Tenho mandado e-mail's para a Fabíola -ela não tem respondido.
Tenho tomado remédios
Tenho tido saudades de casa e vontade de fugir.
Tenho comido de tudo, e muito
Tenho engordado também.
Tenho tido dó - e dúvida!
Tenho praticado o abandono e o desapego
Tenho tres maridos e não tenho mais nada - Nem assim.
Tenho falado línguas que não sei, e beijado línguas que nunca beijei.
Tenho feito mais cocô.
Tenho gastado pouco e sonhado mais.
Tenho feito performances e buscado prazeres abdurdos - tenho achado!
Tenho amado muito e desmedidamente.
Tenho chorado como nunca.
Tenho escrito pouco e pensado menos ainda
Tenho vomitado, gritado e falado sozinha.
Tenho pedido mais ajuda e fingido menos.
Tenho vestido todos os meus pijamas.
Tenho tirado o bolor dos sapatos e desarrumado malas antigas.
Tenho terminado livros deixados pela metade e decorado musicas de paixão rescente.
Tenho medo, tenho sono, tenho fome e tenho alguns surtos.
Tenho mesmo muitas coisas.
Tenho tanta coisa e aqui dentro não tem nada.
Eu acho...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Ele se foi

O amor se foi.
A incapacidade que restou aqui está em farrapos.
Eu me alimentava de cada migalha, como uma arvore que não sabe viver sem luz.

Você não me deixou sequer uma lágrima;
foi em silêncio.
Tua promessa de que o silêncio diria mais,
só me disse que eu não te valho de nada.

Se um dia eu passar,
seja meu amigo.
Se um dia a saudade bater,
seja denovo tudo o que eu tive de bom.
Se o amor existe, não deixe que eu passe.

Eu sempre espero o amor ligar, e dizer que ele existe.
Eu quis tanto que você ligasse, que você quisesse, que você
me amasse.
Azar o meu, que sobro. Sem ninguém.
Sem amor e sem razão.

Fétido amor que arde aqui.
Por que você existe se eu não existo ai?
Pobre memória que não consegue esquecer de ti.
Podre hábito que me matou ai.
Maldita voz que te falou demais.
Cretino amigo-tempo que parou de me ajudar.

Assombroso amor que não sai daqui.
Que não para de escorrer e eu não posso deter.
Amor que é forte, tão forte que pode me matar.
Um dia, aqui.
SOZINHA.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Completamente embotada pela realidade avassaladora. Vai demorar um pouco pra eu escrever....sorry

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Oque sobrou do céu?



Olhe com atenção: existe um mundo que é só de nos dois.

Olhe com atenção e veja quão grande é esse mundo no seu peito.

Ele guarda o maior amor do planeta.

Olhe com atenção e olhe bem.

Esse é o nosso mundo,ninguém tem um mundo como o que nós temos.


Ouça com muita atenção. Eu te amo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

The Future of Kids

Algo te pesa?


Eu me pego num canto calado

"prometo a mim mesmo nunca mais ouvir, nunca mais ter a ti tão mentirosamente próximo,
e escapo brusco para que percebas que mal suporto a tua presença,
veneno veneno, às vezes digo coisas ácidas e de alguma forma quero te fazer compreender
que não é assim,
que tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses anos, e não se soluciona, mas volto e volto sempre, então me invades outra vez com o mesmo jogo
e embora suponho conhecer as regras, me deixo tomar inteiro por tuas estranhas liturgias, a compactuar com teus medos que não decifro."
(unknow)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Silêncio!



As vezes, o silêncio ecoa mais do que todos os gritos.

Que esse silêncio sem legenda, grite por mim tudo que breca até as minhas lágrimas.

Que esse silêncio: Silêncie.

As vezes, é muito mais difícil manter-se em silêncio , que gritar sem critério.

Que esse, seja o grito do meu silêncio contido. O choque.

Ouça: - Eu não tenho nada para dizer.

Não consegui, sequer, sentir.

O que eu faria se pudesse segurar?


terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Canto Calado


Neste canto calado eu quero gritar!

Quero gritar um grito de dor.
Um grito de alívio.
O mesmo grito de apreço e desprezo!!!

Um grito de raiva, e de gozo!

Quero gritar em silêncio essa dor.

There`s a big hard sun (escrito no tempo de uma música)

O Sol brilha impiedoso. Por mais que você tente se esconder, ele te vê. Te vê e te obriga a sair, a ficar sob ele, tirano que é.

Então você sai ao sol, ele te queima, te esfola, te faz arder por dentro e por fora. E eis que depois de um longo dia o sol é vencido pelas nuvens: de tanto brilhar ele criou a chuva – é inevitável.

Chove…chove sem parar, pingos densos, reconfortantes, destemidos, que te molham por inteiro, te fazem chorar de alegria, até pararem de arder tuas feridas. É inevitável.

Clarice Lispector


" Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania.
Depende de quando e como você me vê passar. "

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Carta aberta a uma alma gêmea

Chove. A música tocando tem um tom alaranjado de saudade.

Ela brilha: o olhar tem faíscas de vida e agitação. O dia é todo dela e está ali, pronto para ser engolido. Ela o abraça e traz pra dentro de si. Dessa vez não são as pessoas paradas e os cantos melancólicos que a encantam, o sol brota dela e é como se a chuva a trouxesse para a fora, para lavar a alma, tanto tempo seca, presa às coisas do cotidiano.

Ela se vestiu e se pintou, colocou os sapatinhos da princesa que às vezes se mostra para os mais sortudos. Ela irradia os sonhos que aos 21 anos que completa hoje fazem o futuro (e o presente) serem perfeitos e plenos. Todas as pontas de todos os pensamentos que já passaram por sua cabeça parecem ter encontrado um lugar onde se entrelaçam e a razão das coisas passa a ser clara e simples: bela. Duas vezes bela: pois ela é BelaLisbela.

Feliz 21 para você, minha amiga. Que a clareza e o brilho de hoje impregnem sempre sua alma e tudo ao seu redor. E nunca se esqueça: você não precisa estar dormindo para ter sonhos lindos. Vou sentir muito a sua falta...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Onde estão as pessoas?



Naquela esquina sempre tão movimentada hoje não tinha ninguém...
Não tinham buzinas, não tinham pedestres, não tinham movimentos, só tinha eu!
Eu fiquei ali esperando o primeiro carro passar, só para me obrigar a esperá-lo, e eu achar que o mundo está normal.
Não tinham carros sobre a ponte, nem corriam carros abaixo dela.
Eu vi apenas uma moça de vermelho.
Ela era a única coisa que se mexia, mexeu comigo.
Sua blusa vermelha balançava no mesmo ritmo dos seus passos. Em câmera lenta.
A ponte pareceu não ter fim para ela. Ela ficava cada vez mais longe do outro lado.
Foi o primeiro dia que eu percebi que no meio daquela avenida tinha uma ponte.
Com começo, meio, fim e uma moça.
Olhei atentamente todos os seus passos, um a um.
Poucos foram os carros que me atravessaram a frente enquanto eu a olhava.
Estávamos parados. Eu e o mundo.

Passei a ponte.

Nem na saída da escola tinham crianças correndo hoje.
Consegui acompanhar, por 2 faróis, sem piscar, duas moças que atravessavam a Dr. Arnaldo.
As acompanhei até que entrassem na igreja, igualmente vazia. Nem Deus devia estar lá.

Olhei pelo caminho todo, e não cruzei ninguém senão as três moças que me fizeram cogitar a possibilidade de o mundo não estar parado.

Na padaria, sempre igualmente movimentada, hoje tinham 3 mesas, apenas.
Nem o corre-corre dos pinguins que servem chopp tinha hoje.
Os garçons estavam aglomerados em frente a TV, deviam estar vendo alguma tragédia de fim de tarde.
Estavam todos ali, parados, e só a TV parecia se mexer.

Fui andando rumo à onde sempre me vejo indo.
Na alameda de árvores que sai do parque vi na minha frente, lá longe, uma velhinha.
Parada como uma estátua, exatamente como até as folhas das árvores estavam.
Eu fui me aproximando.
Nosso intervalo parecia tão grande quanto o começo e o fim da ponte.
Ao desviar dela, pude ver o que a fazia estar parada ali.
Ela caçava palavras num pequeno livreto, em silêncio, estática, ela buscava palavras sem som.

Segui caminhando até aqui.
Esquina a esquina, eu ia procurando algo que se mexesse. Em vão, tudo estava parado.
Alguém esqueceu de girar a roda da vida hoje.
O peão da Terra.
O motor dos corações, nem eles, se engrenaram.

Eu parei com tudo, ali, naquela esquina.


terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Já nem sei quantas vezes me peguei paralisada diante da impossibilidade de comunicação entre as pessoas. E já não sei quantas outras, diante da mágica de compartilhar algo sem saber bem ao certo como isso aconteceu.

Outro dia foi assim. Fui assistir um filme e fiquei impressionada com o quanto tinha dialogado com ele. Em seguida, saí do cinema e constatei justamente o que o filme mostrava: as palavras às vezes não servem para absolutamente nada. Até mesmo os mais eloqüentes e didáticos se perdem tentando fisgar as palavras certas no infinito interior e mesmo que consigam escolher as melhores possíveis, como já diria Clarice, o que você sente grandioso dentro de si acaba lentamente se tornando aquilo que é dito.

Nada muito novo, considerando que Platão já sabia que o mundo das idéias era o único perfeito e uma vez que tentássemos transpô-lo para a realidade, deixaria de ser. Mas sabe o que eu acho? Dá pra fazer o processo inverso: transpor o que aconteceu de verdade para o mundo das idéias perfeitas. Quem nunca se pegou lembrando de um fim de tarde qualquer, onde se via o pôr-do-sol bem vermelho, uma brisa soprava e você era feliz por nada? E é claro que esse pôr-do-sol e essa felicidade só existem agora por causa da distância e da idealização.

Já se viu sonhando com algo para o futuro? Ou pior ainda, sonhando junto com alguém sobre um futuro com dias melhores, mais belos, onde a vida acontece e você participa dela? Como um avião que decola e carrega só aqueles que estão preparados para decolar com ele? Idéias...ideais...anseios...sonhos...felicidade. E será que quando você estiver anos à frente, lembrando de quando sonhava junto do seu amor, não lembrará o quanto era feliz e não se dava conta disso?

E que atire a primeira pedra quem souber exatamente o que fazer com o presente: essa entidade eterna que cabe em um milésimo de segundo. E que atire a segunda pedra quem nunca falou, falou, falou e não disse nada (como eu acho que não disse com esse texto). E a terceira pedra de quem nunca assistiu um filme ou leu um livro e “dialogou” com eles (é triste pensar que os melhores diálogos são do indivíduo consigo mesmo). E uma quarta pedra quem nunca compartilhou muito sem palavra alguma, mas só de fechar os olhos e imaginar uma vida maravilhosa, perfeita, feliz junto com alguém que fechou os olhos com você. Afinal de contas, o que é a realidade senão os pequenos mundos de fantasia que criamos para ela?

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Medo do Inconsciente



Estou aqui fugida do meu sono, por puro medo de que parando, ele não me alcance.
Eu avisto a frente uma montanha de idéias misturadas e confusas


Ela é grande demais para que eu desvie.
Alta demais para que eu me lance nela.
Seca demais para que as minhas lágrimas a façam viva.

Parei ali, estática.
Uma idéia me fere mais que as outras.
O que eu faço com ela?

Como uma antena acesa, fincada no meio de tantas outras idéias.

Como deixo só uma parecer mais válida?

Que poder esta questão tem sobre mim que me apresenta tudo como uma montanha que não consigo ultrapassar?

Essa antena nada mais tem, senão o poder que dei a ela para controlar minha vida.

Será que a luz dessa antena não me ofusca e não me deixa olhar para mim?
Ou será que é a sombra dessa montanha que me faz olhar para dentro?
Talvez as duas juntas.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Necessário

A raiva inspira mais que a calma, portanto serei breve:

O peso muitas vezes vem de dentro, não de fora.

A beleza está nos olhos de quem vê, inclusive nos nossos, quando nos olhamos no espelho.

As raivas podem ser justificáveis, mas sua existência, nunca desejada, mas necessária, é sempre parte das pequenas mortes que vivemos para aprender a morrer e a viver de verdade.

!!?!! Desnecessário !!?!!


Era desnecessária a referência,
Eram desnecessários os questionamentos dele,
Eram irritantes as defesas dela,
Eram justificaveis as diversas raivas minhas.


As bigornas dos pés fizeram um simples passo besta, ressoar como terremoto
As bigornas com asas fizeram o peso dos passos parecerem mais fortes.
As bigornas que me parecem prender no chão, potencializam minha agônia de estar aqui.
Piores mesmo são as bigornas de dentro, que me afundam, cercam, oprimem, enterram!


A referência...
Pq esse prazerzinho besta de me irritar ?
Oque sai daí como um "nadinha" pode chegar aqui como uma bigorna.
Para que lançá-la assim sobre mim?
Só para me mostrar que te parece leve atirá-la em alguém? Me denunciar o quanto o que sai de ti como peso-pena pode me afundar?
Onde está o prazer?
Em arremessar leve o meu peso, ou anunciar que não te pesa?


Os questionamentos...
Para que me perguntas se ele esta feliz? Não te importas com ele, eu sei.
Nem comigo, nem com nada.
Tens umbigo e ausência de cérebro, nada mais. Concordemos.
Perguntou-me apenas para que eu te confessasse que não? Para que assim vc também sentisse algum tipo de prazerzinho besta, só de enxergar que você não é o único infeliz nesse mundo...
Confessa teu descaso vazio-com-pernas, é mais digno.


Das defesas...
Ela se defendia das culpas todas dela mesma. Ela sabe de tudo que tem que se fazer, não faz por incapacidade de aceitar oque enxerga. É mais fácil sempre, fingir-se cego.
Não se vendo, escondemos-nos na desculpa do desconhecido motivo real das culpas, medos e iras.
Não és cega senhora de 46. Sabemos disso não?
Orgulhe-se e consuma-se nesse seu um diazinho a mais de glória, de "magestadezinha-hipócrita", de pseudo-poder sobre tudo e todos... um dia, tds os dias te pesaram de uma vez, como se fosse um dia só. Verás que foi uma vida inteira que te pesou...
Que diferença te faz um dia a mais de enganos, depois de uma vida enteira mesmo? NENHUMA... Dó da tua cegueira opicional senhora-velha!


Pelas raivas minhas...
Se eu soubesse mesmo justificá-las, me esquivaria delas.
Não escreveria nada disso aqui.







domingo, 25 de janeiro de 2009

Befores....

Antes....sempre antes. Antes que você fosse embora, eu não via como podia ter te abraçado mais, te beijado mais, te olhado mais, conversado muito mais, ficado em silêncio, dado as mãos, ter me despedido melhor.....

Talvez não. Não teria conseguido me despedir de você nem se toda a vida fosse o tempo que eu tivesse para te dizer adeus.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Um jeitinho Piga de se comunicar....

No entanto, uma das teorias hereges da origem do Ornitorrinco é a seguinte:Após Deus ter criado todos os animais, e ter criado o Homem para ser o "ser supremo sobre todos os outros", ele descansou no 7º dia.Mas ao voltar ao trabalho(?), ele se deparou com um memorando do Departamento de Marketing Celeste, pedindo uma reunião urgente.O diálogo na reunião foi:"Sensacional o trabalho que Você fez na Terra. Parabéns. Mas agora temos que pensar em como recuperar o dinheiro investido. Pensamos em pelúcias dos animais mais fofinhos, e um brinde extra para quem comprar toda a coleção: um animal NOVO, q não tenha igual em lugar algum do Universo, e que será Sua suprema criação.""Mas como assim? O HOMEM é exatamente isso! Além do que, com que material Eu vou confeccionar um novo animal??""Temos certeza que sobrou material da Criação. E confiamos em Sua criatividade. Boa sorte e que Você esteja Convosco!"E Deus pensou, pensou, pensou, e após enormes esforços, apareceu com a criatura mais linda do universo. Mais fofinho que um coelho, mais amigável que um cachorro, mais comportado que um peixe dourado, mais cativante que um gato persa, e muito mais útil que um cavalo. E o batizou de Oduvaldo.Na próxima reunião com o Marketing, Deus apresentou o Oduvaldo, e como publicitário TEM q dar palpite em TUDO, resolveram fazer um "Brainstorm" e pedir alterações no pobre Oduvaldo:"Mas rabo de pompom já tá demodé! Usa um rabo igual do castor... pra impulsionar na água.""Mas se é pra nadar, que tenha pés de pato!""Se já vai ter os pés, põe um BICO pra dar harmonia no conjunto! A última enquete feita na faixa etária de 6 a 12 anos, mostrou que patos são lindos pela harmonia das formas...""Poxa, não tá parecendo DEMAIS com o pato? PATO nós já temos...""Então põe uma pele cabeluda, sedosa... essa versão felpuda é legal, mas na água não desliza!""Outra coisa, esses bichos que nascem pela vagina, fazem uma sujeira!!... por que não fazemos uma coisa mais prática, que venha em ovos, como um Kinder Ovo?""Gente, tá muito passaresco esse Oduvaldo...""Aliás, por que 'Oduvaldo'? Tudo bem q nomes q começam com 'O' são populares na classe C e D no Hemisfério Sul, mas sei lá, não tá sonoro!...""E se botarmos um nome q tenha a haver com o verbo 'brincar'? Ajuda na hora de fazer o jingle...""OK, mas TEM q ser mamífero. Pra vir nas caixinhas de leite!""Ele não ia vir no Kinder Ovo?""Isso eu não sei, mas que ele só exista numa parte remota do planeta... pra conferir um ar de coisa exótica. Isso AGREGA VALOR..."E após 8 reuniões, até em dias de Seu descanso sagrado, Deus conseguiu a aprovação do Marketing, entregou o ORNITORRINCO, e de tão desgostoso com o resultado, ABANDONOU o Homem à sua sorte, para reinar sobre todos os ornitorrincos, que além da óbvia constatação de ser o bicho mais gozado do planeta, ainda não serve pra PORRA NENHUMA.Dizem que Deus agora cuida de Seu jardim do Éden II - gleba VII, onde nenhum humano orgulhosamente jamais esteve.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009



É injusto que se apeguem a mim, embora o façam com prazer e involuntariamente. Eu iludiria aqueles em que despertasse desejo, pois não sou o fim de ninguém e não tenho com o que satisfazê-los. Não estou eu pronto a morrer? E, assim, o objeto do apego dessas pessoas morrerá. Logo, quando não seria eu culpado por fazer crer numa falsidade, embora eu a adoçasse e acreditasse nela com prazer, e que ela me desse prazer, ainda assim sou culpado de me fazer amar. E, se atraio as pessoas para que se apeguem a mim, devo advertir aqueles que estariam prontos a consentir na mentira de que não devem acreditar, qualquer que seja a vantagem que daí me advenha.

As Bigornas

Elas são pretas, pesadas e têm um formato peculiar: retangular com um bico em uma das pontas. Elas caem na cabeça de desenhos animados, como se fosse comum chover bigornas. Elas metem medo em menininhas pequenas que acreditam no que vêem na TV. Mas eu acho que elas estão muito mais próximas da gente do que realmente se nota. Tem dia que eu acordo com uma em cada perna: qualquer passinho, por menor que seja, faz tremer o chão. Faz a gente ficar com vontade de não sair do lugar, de criar raiz naquele chão e ali ficar pra sempre (as árvores pelo menos se alimentam do chão, se é isso o que você está pensando). Outros dias elas estão ao nosso redor: onde quer que eu olhe, lá tem uma bigorninha...silenciosa...observando todos os meus passos. Em alguns dias excepcionalmente nublados, elas realmente caem do céu...e dói, irrita, não tem neosaldina que cure...mas nada que um dia de sol não faça esquecer. O problema mesmo é quando a gente olha no espelho e vê que ela está dentro da gente. Continuo com os meus 49 quilinhos (mentira, 51) mas parece que meu coração virou uma bolinha de densidade infinita, com ela lá dentro. E às vezes carregar a bigorna é necessário...mas quando for só por opção, jogue ela na cabeça do Zeca Urubu e saia voando.

O haver...

http://br.youtube.com/watch?v=u6LcZfStlfc&feature=related

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

AS LUVAS

O que cobririam aquelas luvas?

Cobririam a honra. Elas custaram R$ 12,00.
Quanto custa a sua honra? Quem te disse?
Quem foi que determinou que honra se tinha? Se a temos, o que nos faz perdê-la?
Honra, honra, honra! Poupe-me desse clichê...

Vendi minha honra para os Senhores Donos da Verdade.
Ando roubando a honra de uns por aí em lugar da minha.
Será que me têm sido justas as ofertas?

O que há em mim de desconhecido para encobrir por essas luvas?

Somos todos iguais, temos olhos, pernas, buracos, dores e fluxos. O que me torna especial?
Adoráveis luvas, vocês me escondem o que nem eu sei se tenho; mas, certamente vivem a testá-la em mim. Hoje comprei uma luva de honra.

Como aquela que permitiria tudo, menos o beijo, eu mostraria tudo, menos o que há por trás das luvas.

O que há? Você sabe?

Acho que todos deveriam ter uma “luva de honra”. É necessário convencer-nos de que sempre há algo de desconhecido por nós à esconder dos outros.

Sem isso, podemos perder o que nos torna especiais.

Num cenário onde tudo é igual, todos são iguais, preciso esconder o que me faz diferente.Quem sabe assim, me convenço disso?!

Eu tiraria tudo de mim, e de ti, menos as luvas...

Adoráveis, fortes e lúdicas luvas.

A casca

Será o maior intervalo entre as letras que me diminui tanto os enganos ao escrever no que ao falar?
As vírgulas me dão mais ar... Falar sempre sufoca, e pode parecer fácil.
Essas reticências prolongam minhas certezas. Fulgazes e irônicas, minhas certas esperanças ficam presas aqui.
Em lugar das lágrimas, aqui só a fumaça me inebria o enxergar.
Com isso enxergo, o que não quero ver e sinto.
Sinto, sinto.

Trabalho com o grafite essa angústia de falar.
Escrever, por um lado, é também me fechar cada vez mais nesse claustro meu chamado consciência.
Parece que fica grudado aqui nessa folha tudo oq quero que saia de mim. Para de ressoar!
Memórias, memórias, memórias!
Para que registrá-las aqui?
Daqui, o vento não as leva, assim como de meu coração.
Saudades, saudade de não saber escrever. De sentir sem compreender que se sentia.
Minha força é como uma fina casca de ovo. Se consciênte fosse de poder gerar a vida, se quebraria por puro medo de se quebrar.

O saber-sentido das minhas palavras me impede de negá-las aqui.
Eu as registro, para quando for chegado o tempo das inconsciências eu possa recorrer as memórias. E nesse dia me lembre: Eu era uma fina casca, á toa quebraria...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

22:59

Prefiro escrever do que falar, mesmo que as palavras não possam ser apagadas. É mais fácil esquecer do que se leu, pois as palavras não têm rosto.

Caixa de Pandora

Tinha 15 anos e uma sede insaciável não sabia do que. Queria entrar no mundo dos “adultos”, que ela imaginava ser o objetivo final de toda a existência: esse misterioso mundo das coisas que adultos fazem. Beijar na boca, o primeiro ritual de passagem, ela acreditava. Precisava desesperadamente beijar alguém na boca.
Segunda-feira, ela acordou cedinho e tomou café-da-manhã, ainda meio sonolenta. Colocou o uniforme e foi para a aula, sentindo o agradável vento gelado da manhã que mal começara. O vento a despertou. Entrou na sala de aula e logo foi puxando conversa com a melhor amiga, que sentava bem atrás dela, lembrando do fim de semana e atormentando a amiga que ainda estava saindo do mundo dos sonhos da noite anterior. Como a Juju gostava de dormir, meu deus, que saco isso! Ela acordava todas as manhãs pronta para engolir o dia, enquanto a Juju só queria fugir do mundo embaixo de seus cobertores. Perguntou do Nick... Será que a Juju tinha visto ele na hora que chegara? Ela não tinha. Esperava o fim de semana inteiro para ter o gostinho de chegar à escola segunda e ver o Nick chegando, com seu bermudão largo de menino mal, boné, cabelo loiro e ar de desdém. Achava linda a carinha de tédio dele. Parecia que ele sabia o segredo da vida e agora que tinha descoberto, achava tudo uma grande chatice. Só fazia as coisas por que já estava por aqui mesmo. Ela se sentia uma boba, apesar de ninguém suspeitar disso, pois fazia questão de se por, no alto de seus 15 aninhos, como uma pessoa vivida e sábia, que até dava aulas particulares para ganhar seu próprio dinheiro do fim de semana.
Um dia, cansada de nada acontecer, ela teve um estalo: deixar um recadinho na lousa da sala dele, confessando o que sentia, mas sob um pseudônimo. Nada mais emocionante! Daí não ia mais precisar contar com a sorte de vê-lo de manhã para ter um dia mais interessante, era só continuar escrevendo e ela teria diversas pequenas emoções espalhadas pela semana! Esperou dar o sinal da saída e foi até lá: “Nick, se você soubesse que quando te vejo meu mundo todo paralisa... o que você faria? Ass.: Misteriosa (da oitava A)”.
Pronto, havia jogado os dados! Agora era só esperar. Enquanto esperava, pensava nas mil possibilidades de resposta que ele daria, se ele a olharia de um jeito diferente amanhã, será que ele descobriria? Será que ele ia gostar de saber que tinha sido ela a escrever o recadinho? Ai deus!! Que ansiedade!!
Chegou à escola terça e foi logo conversar com a Juju (que com seu habitual mau-humor das manhãs, preferiu deitar na carteira e tirar uma soneca). Olhou a lousa diversas vezes, mas já esperava que ele não fosse responder, assim, tão rápido. Ela sabia que os meninos tinham mais dificuldade de expressar sentimentos. A terça-feira passou, a quarta também, depois a quinta e a sexta. Ela estava explodindo de ansiedade. Poxa vida, ele podia pelo menos ter tido a curiosidade de dar uma espiadela pela porta da sala de aula, para ver se descobria quem era. Nada. Mas ela sabia que ele era assim mesmo, que, com sua carinha de desdém, no fundo ele estava morrendo de curiosidade. Não era possível não estar. Ela estaria, e como!
Segunda-feira de novo. Aula de educação física, sua favorita. Não que adorasse praticar esportes, mas era na aula de educação física que todas as oitavas séries se encontravam: o Nick estaria lá, lindo, jogando vôlei com os amigos. Como ele jogava bem! Como ele era forte! Era bonito de ver quando fazia ponto e ameaçava um sorriso de canto. Ficava ainda mais lindo. Ela não sabia jogar vôlei.
O jogo acabou e ela estava sentada na escada perto do bebedouro com a Juju, que já tinha despertado e estava contando sobre uma briga com o pai. Ela não estava nem um pouco interessada na briga da Juju com o pai, mas queria que ela ficasse ali, ao lado, por que ficar sozinha sentada não é legal. Os meninos vinham todos beber água depois do jogo, não era à toa que ela tinha sentado ali. De repente ela viu: o Nick estava vindo, indescritivelmente magnético para ela, com a camiseta pendurada no ombro, suado, o bermudão meio frouxo e o olhar de desdém. Ela estava tão presa na figura dele que nem notou que aquela menina chata (e muito bonitinha) da oitava B estava tomando água bem na hora que ele chegou. A bonitinha se demorou um pouco e ela sabia, tinha certeza, que era de propósito. Que menina mais saidinha! O Nick terminou de beber água. A saidinha ainda estava ali ao lado, fingindo que nem via ele (mas ela sabia que era só fingimento). Com a boca ainda molhada com a água que bebera com tanto gosto, como se tivesse a maior sede do mundo, ele levanta e dá um beijo violento na bochecha da bonita da oitava B. Sua boca agora parecia molhada de saciedade. A chatinha ri e finge que nem ligou muito. Ele sabe que ela ligou. Ele gosta do fingimento dela. Os dois saem das quadras juntos, entre risadinhas e brincadeiras. Ela nunca tinha o visto sorrir daquele jeito.
Chegou em casa e não quis comer. Foi pro quarto e ligou o rádio. Estava tocando aquela música linda, que ela queria tanto ouvir quando estivesse com o Nick. Deu uma choradinha. Ligou pra Juju, coitada da Juju, estava passando por um momento muito mais difícil que o dela, o pai era muito bravo. A Juju contou a briga inteira. Depois ela confessou para a Juju que tinha sim ficado triste com a cena que presenciara na aula de educação física, apesar de ter negado antes. A semana se passou sem grandes surpresas.
Segunda-feira: ela sentia o frescor da manhã em seu rosto e gostava de ver o sol, ainda vermelho, que surgia por detrás da serra. Entrou na sala e levou um susto. No seu lugar estava um menino que ela nunca tinha visto mais gordo. Pediu licença, o menino saiu, sem dizer palavra. Bonitinho ele... Será que era aluno novo? A professora chegou e fez a chamada, acrescentando o nome do aluno recém-transferido da capital. Legal, além de bonitinho devia ser inteligente e saber muito mais da vida do que ela, afinal, tinha morado na capital e tudo. Começou a fofocar com a Juju (que naquele dia, excepcionalmente, não estava de mau-humor) sobre o forasteiro misterioso. No final de algumas semanas, ela havia dado seu primeiro beijo, no forasteiro misterioso, que já nem era mais tão misterioso assim.
"(...)Não existe meio de verificar qual é a boa decisão
, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez, sem preparação. Como se o ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo "esboço" não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é esboço de nada, é um esboço sem quadro(...)"

Milan Kundera, A insustentável leveza do ser.

Inspiração Alcólica

- Você sabe qual é o tamanho da sua alma?

De quantos abismos insondáveis é feita a alma?E quem sabe o que se encontrará ao explorá-los?Assim como a beleza de um dia de sol no meio do mais rigoroso inverno só pode ser apreciado com toda a niitdez se sairmos para o frio; Se dermos as mãos e nos abraçarmos pelo caminho, o frio se ameniza e só lembramos da beleza do sol e das mãos dadas.Os abismos deixam de meter medo se a eles descermos juntos.

É a exata distancia entre o seu coração, e seu cérebro.

Não queria andar - talvez.

Era um mocinho tolo e a sua canoinha.
Remou, remou, remou...
Só se cansou o mocinho, de tão tolo...
E não andou, não seguiu. Parou?

E, devagar, foi por ali o moço tolo.
De tão tolo, chegava a agitar quem olhava da praia.
Remava sem saber pra onde ia, não queria ir - talvez.;
Era sempre vencido pelo mar.

O mar, de longe sempre calmo
Engolia as remadas tolas sem se mover.
O moço, não abalava o mar.
Bem e bem eles permaneciam ali.
Imóvel. Mexidos, misturados. Inerentes.

O mundo girava ao seu redor.
Assim o tolo-moço achava que seguia pra algum lugar.
E pra onde ele queria ir?
Nem todas as facetas do mar saberiam dizer.
Ele andava sempre, sem sair do lugar.
Não queria andar - talvez.

Quando resolveu abrir os olhos, notou que ainda estavam ali os pobres pescadores.
Ah, como queriam poder ter ajudado.
Viram-no naufragar dali.
O pobre moço tolo, agora é peixe ...