quarta-feira, 29 de abril de 2009

Fragmentos - F. M. Dostoiévski, in Memórias do Subsolo

"Em toda a minha vida, não pude começar nem acabar coisa alguma. Admitamos, admitamos que eu seja um tagarela, um tagarela inofensivo, magoado, como todos nós. Mas que fazer, se a destinação única de todo homem inteligente é apenas a tagarelice, uma intencional e vazia tagarelice."


"E então, que quereis?E, aliás, quereis saber uma coisa? Estou certo de que a nossa gente de subsolo deve ser mantida à rédea curta. Uma pessoa assim é capaz de ficar sentada em silêncio durante quarenta anos, mas, quando abre uma passagem e sai para a luz, fica falando, falando, falando...

A princesa

"Talvez o homem preocupado com detalhes e atento aos "mínimos necessários" não exista mesmo.
Ocorre que eu não estou pronta para me conformar com isso desde já.
Ainda acredito nos príncipes encantados, nas flores, carruagens e viagens de balão.
Sou como uma princesa crescida, mas ainda carrego os desejos e sonhos daquela 'bela adormecida' "

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Cadê?

As palavras se apagaram.
As idéias fugiram.

Sou eu, Alice...

Sou Alice que sonha com neblina
Sou Alice que tem medo de besouros e aflição de bolhinhas
Sou Alice que compra cremes de cabelo a kilo
Alice no país das maravilhas.

Sou Alice apaixonada
Sou Alice esposa sem marido
Sou Alice amante de namorado
Sou Alice tatooada,
Alice púdica que só.
A-L-I-C-E!

Sou contida-histérica e grito calada meus medos todos.
Sou Alice! E só.
Quem não me conhece que me compre.
Estou sempre a venda, olhe só!

Alice, as vezes BelaLisbela, e quase nunca Mariana.
Identidades minhas que se identificam mais comigo que eu mesma.
Sou "Dear Fake" do Alf, "esposa" do Guga e "pikininha" do Bê.
Mariana de ninguem, não adianta insistir.

Não me pergunte do que eu gosto, só sei oquê não suporto.
Não me pergunte à quem eu amo, me lembro apenas de quem eu odeio.
Não pergunte quais são as minhas alegrias, recordo apenas das minhas aflições.
Pergunte-me apenas quem sou. Te responderei imediatamente: Não sei!

Sou a ilustre confusão do que sonho um dia ser, e serei!
Sonho ser Alice, Bela e Mariana, não tão desmedidamente.
Sonho, sonho e sonho.

De repente, Mariana me acorda.
- É preciso pensar menos; Viver é simples- diz ela.
De nada adianta me falar tanto e tanto sobre tudo.
Eu esqueço, já disse.
Só lembro do que não gosto, e assim: SIGO!

Hoje, eu

Tenho andado...
Tenho comprado cigarros de dois em dois
Tenho tido pai
Tenho mandado e-mail's para a Fabíola -ela não tem respondido.
Tenho tomado remédios
Tenho tido saudades de casa e vontade de fugir.
Tenho comido de tudo, e muito
Tenho engordado também.
Tenho tido dó - e dúvida!
Tenho praticado o abandono e o desapego
Tenho tres maridos e não tenho mais nada - Nem assim.
Tenho falado línguas que não sei, e beijado línguas que nunca beijei.
Tenho feito mais cocô.
Tenho gastado pouco e sonhado mais.
Tenho feito performances e buscado prazeres abdurdos - tenho achado!
Tenho amado muito e desmedidamente.
Tenho chorado como nunca.
Tenho escrito pouco e pensado menos ainda
Tenho vomitado, gritado e falado sozinha.
Tenho pedido mais ajuda e fingido menos.
Tenho vestido todos os meus pijamas.
Tenho tirado o bolor dos sapatos e desarrumado malas antigas.
Tenho terminado livros deixados pela metade e decorado musicas de paixão rescente.
Tenho medo, tenho sono, tenho fome e tenho alguns surtos.
Tenho mesmo muitas coisas.
Tenho tanta coisa e aqui dentro não tem nada.
Eu acho...