O amor se foi.
A incapacidade que restou aqui está em farrapos.
Eu me alimentava de cada migalha, como uma arvore que não sabe viver sem luz.
Você não me deixou sequer uma lágrima;
foi em silêncio.
Tua promessa de que o silêncio diria mais,
só me disse que eu não te valho de nada.
Se um dia eu passar,
seja meu amigo.
Se um dia a saudade bater,
seja denovo tudo o que eu tive de bom.
Se o amor existe, não deixe que eu passe.
Eu sempre espero o amor ligar, e dizer que ele existe.
Eu quis tanto que você ligasse, que você quisesse, que você
me amasse.
Azar o meu, que sobro. Sem ninguém.
Sem amor e sem razão.
Fétido amor que arde aqui.
Por que você existe se eu não existo ai?
Pobre memória que não consegue esquecer de ti.
Podre hábito que me matou ai.
Maldita voz que te falou demais.
Cretino amigo-tempo que parou de me ajudar.
Assombroso amor que não sai daqui.
Que não para de escorrer e eu não posso deter.
Amor que é forte, tão forte que pode me matar.
Um dia, aqui.
SOZINHA.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
sábado, 14 de fevereiro de 2009
Oque sobrou do céu?
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Eu me pego num canto calado

"prometo a mim mesmo nunca mais ouvir, nunca mais ter a ti tão mentirosamente próximo,
e escapo brusco para que percebas que mal suporto a tua presença,
veneno veneno, às vezes digo coisas ácidas e de alguma forma quero te fazer compreender
que não é assim,
que tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses anos, e não se soluciona, mas volto e volto sempre, então me invades outra vez com o mesmo jogo
e embora suponho conhecer as regras, me deixo tomar inteiro por tuas estranhas liturgias, a compactuar com teus medos que não decifro."
(unknow)
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Silêncio!

As vezes, o silêncio ecoa mais do que todos os gritos.
Que esse silêncio sem legenda, grite por mim tudo que breca até as minhas lágrimas.
Que esse silêncio: Silêncie.
As vezes, é muito mais difícil manter-se em silêncio , que gritar sem critério.
Que esse, seja o grito do meu silêncio contido. O choque.
Ouça: - Eu não tenho nada para dizer.
Não consegui, sequer, sentir.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Canto Calado
There`s a big hard sun (escrito no tempo de uma música)
O Sol brilha impiedoso. Por mais que você tente se esconder, ele te vê. Te vê e te obriga a sair, a ficar sob ele, tirano que é.
Então você sai ao sol, ele te queima, te esfola, te faz arder por dentro e por fora. E eis que depois de um longo dia o sol é vencido pelas nuvens: de tanto brilhar ele criou a chuva – é inevitável.
Chove…chove sem parar, pingos densos, reconfortantes, destemidos, que te molham por inteiro, te fazem chorar de alegria, até pararem de arder tuas feridas. É inevitável.
Então você sai ao sol, ele te queima, te esfola, te faz arder por dentro e por fora. E eis que depois de um longo dia o sol é vencido pelas nuvens: de tanto brilhar ele criou a chuva – é inevitável.
Chove…chove sem parar, pingos densos, reconfortantes, destemidos, que te molham por inteiro, te fazem chorar de alegria, até pararem de arder tuas feridas. É inevitável.
Clarice Lispector
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Carta aberta a uma alma gêmea
Chove. A música tocando tem um tom alaranjado de saudade.
Ela brilha: o olhar tem faíscas de vida e agitação. O dia é todo dela e está ali, pronto para ser engolido. Ela o abraça e traz pra dentro de si. Dessa vez não são as pessoas paradas e os cantos melancólicos que a encantam, o sol brota dela e é como se a chuva a trouxesse para a fora, para lavar a alma, tanto tempo seca, presa às coisas do cotidiano.
Ela se vestiu e se pintou, colocou os sapatinhos da princesa que às vezes se mostra para os mais sortudos. Ela irradia os sonhos que aos 21 anos que completa hoje fazem o futuro (e o presente) serem perfeitos e plenos. Todas as pontas de todos os pensamentos que já passaram por sua cabeça parecem ter encontrado um lugar onde se entrelaçam e a razão das coisas passa a ser clara e simples: bela. Duas vezes bela: pois ela é BelaLisbela.
Feliz 21 para você, minha amiga. Que a clareza e o brilho de hoje impregnem sempre sua alma e tudo ao seu redor. E nunca se esqueça: você não precisa estar dormindo para ter sonhos lindos. Vou sentir muito a sua falta...
Ela brilha: o olhar tem faíscas de vida e agitação. O dia é todo dela e está ali, pronto para ser engolido. Ela o abraça e traz pra dentro de si. Dessa vez não são as pessoas paradas e os cantos melancólicos que a encantam, o sol brota dela e é como se a chuva a trouxesse para a fora, para lavar a alma, tanto tempo seca, presa às coisas do cotidiano.
Ela se vestiu e se pintou, colocou os sapatinhos da princesa que às vezes se mostra para os mais sortudos. Ela irradia os sonhos que aos 21 anos que completa hoje fazem o futuro (e o presente) serem perfeitos e plenos. Todas as pontas de todos os pensamentos que já passaram por sua cabeça parecem ter encontrado um lugar onde se entrelaçam e a razão das coisas passa a ser clara e simples: bela. Duas vezes bela: pois ela é BelaLisbela.
Feliz 21 para você, minha amiga. Que a clareza e o brilho de hoje impregnem sempre sua alma e tudo ao seu redor. E nunca se esqueça: você não precisa estar dormindo para ter sonhos lindos. Vou sentir muito a sua falta...
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Onde estão as pessoas?

Naquela esquina sempre tão movimentada hoje não tinha ninguém...
Não tinham buzinas, não tinham pedestres, não tinham movimentos, só tinha eu!
Eu fiquei ali esperando o primeiro carro passar, só para me obrigar a esperá-lo, e eu achar que o mundo está normal.
Não tinham carros sobre a ponte, nem corriam carros abaixo dela.
Eu vi apenas uma moça de vermelho.
Ela era a única coisa que se mexia, mexeu comigo.
Sua blusa vermelha balançava no mesmo ritmo dos seus passos. Em câmera lenta.
A ponte pareceu não ter fim para ela. Ela ficava cada vez mais longe do outro lado.
Foi o primeiro dia que eu percebi que no meio daquela avenida tinha uma ponte.
Com começo, meio, fim e uma moça.
Olhei atentamente todos os seus passos, um a um.
Poucos foram os carros que me atravessaram a frente enquanto eu a olhava.
Estávamos parados. Eu e o mundo.
Passei a ponte.
Nem na saída da escola tinham crianças correndo hoje.
Consegui acompanhar, por 2 faróis, sem piscar, duas moças que atravessavam a Dr. Arnaldo.
Consegui acompanhar, por 2 faróis, sem piscar, duas moças que atravessavam a Dr. Arnaldo.
As acompanhei até que entrassem na igreja, igualmente vazia. Nem Deus devia estar lá.
Olhei pelo caminho todo, e não cruzei ninguém senão as três moças que me fizeram cogitar a possibilidade de o mundo não estar parado.
Na padaria, sempre igualmente movimentada, hoje tinham 3 mesas, apenas.
Nem o corre-corre dos pinguins que servem chopp tinha hoje.
Os garçons estavam aglomerados em frente a TV, deviam estar vendo alguma tragédia de fim de tarde.
Estavam todos ali, parados, e só a TV parecia se mexer.
Fui andando rumo à onde sempre me vejo indo.
Na alameda de árvores que sai do parque vi na minha frente, lá longe, uma velhinha.
Parada como uma estátua, exatamente como até as folhas das árvores estavam.
Eu fui me aproximando.
Nosso intervalo parecia tão grande quanto o começo e o fim da ponte.
Ao desviar dela, pude ver o que a fazia estar parada ali.
Ela caçava palavras num pequeno livreto, em silêncio, estática, ela buscava palavras sem som.
Segui caminhando até aqui.
Esquina a esquina, eu ia procurando algo que se mexesse. Em vão, tudo estava parado.
Alguém esqueceu de girar a roda da vida hoje.
O peão da Terra.
O motor dos corações, nem eles, se engrenaram.
Eu parei com tudo, ali, naquela esquina.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Já nem sei quantas vezes me peguei paralisada diante da impossibilidade de comunicação entre as pessoas. E já não sei quantas outras, diante da mágica de compartilhar algo sem saber bem ao certo como isso aconteceu.
Outro dia foi assim. Fui assistir um filme e fiquei impressionada com o quanto tinha dialogado com ele. Em seguida, saí do cinema e constatei justamente o que o filme mostrava: as palavras às vezes não servem para absolutamente nada. Até mesmo os mais eloqüentes e didáticos se perdem tentando fisgar as palavras certas no infinito interior e mesmo que consigam escolher as melhores possíveis, como já diria Clarice, o que você sente grandioso dentro de si acaba lentamente se tornando aquilo que é dito.
Nada muito novo, considerando que Platão já sabia que o mundo das idéias era o único perfeito e uma vez que tentássemos transpô-lo para a realidade, deixaria de ser. Mas sabe o que eu acho? Dá pra fazer o processo inverso: transpor o que aconteceu de verdade para o mundo das idéias perfeitas. Quem nunca se pegou lembrando de um fim de tarde qualquer, onde se via o pôr-do-sol bem vermelho, uma brisa soprava e você era feliz por nada? E é claro que esse pôr-do-sol e essa felicidade só existem agora por causa da distância e da idealização.
Já se viu sonhando com algo para o futuro? Ou pior ainda, sonhando junto com alguém sobre um futuro com dias melhores, mais belos, onde a vida acontece e você participa dela? Como um avião que decola e carrega só aqueles que estão preparados para decolar com ele? Idéias...ideais...anseios...sonhos...felicidade. E será que quando você estiver anos à frente, lembrando de quando sonhava junto do seu amor, não lembrará o quanto era feliz e não se dava conta disso?
E que atire a primeira pedra quem souber exatamente o que fazer com o presente: essa entidade eterna que cabe em um milésimo de segundo. E que atire a segunda pedra quem nunca falou, falou, falou e não disse nada (como eu acho que não disse com esse texto). E a terceira pedra de quem nunca assistiu um filme ou leu um livro e “dialogou” com eles (é triste pensar que os melhores diálogos são do indivíduo consigo mesmo). E uma quarta pedra quem nunca compartilhou muito sem palavra alguma, mas só de fechar os olhos e imaginar uma vida maravilhosa, perfeita, feliz junto com alguém que fechou os olhos com você. Afinal de contas, o que é a realidade senão os pequenos mundos de fantasia que criamos para ela?
Outro dia foi assim. Fui assistir um filme e fiquei impressionada com o quanto tinha dialogado com ele. Em seguida, saí do cinema e constatei justamente o que o filme mostrava: as palavras às vezes não servem para absolutamente nada. Até mesmo os mais eloqüentes e didáticos se perdem tentando fisgar as palavras certas no infinito interior e mesmo que consigam escolher as melhores possíveis, como já diria Clarice, o que você sente grandioso dentro de si acaba lentamente se tornando aquilo que é dito.
Nada muito novo, considerando que Platão já sabia que o mundo das idéias era o único perfeito e uma vez que tentássemos transpô-lo para a realidade, deixaria de ser. Mas sabe o que eu acho? Dá pra fazer o processo inverso: transpor o que aconteceu de verdade para o mundo das idéias perfeitas. Quem nunca se pegou lembrando de um fim de tarde qualquer, onde se via o pôr-do-sol bem vermelho, uma brisa soprava e você era feliz por nada? E é claro que esse pôr-do-sol e essa felicidade só existem agora por causa da distância e da idealização.
Já se viu sonhando com algo para o futuro? Ou pior ainda, sonhando junto com alguém sobre um futuro com dias melhores, mais belos, onde a vida acontece e você participa dela? Como um avião que decola e carrega só aqueles que estão preparados para decolar com ele? Idéias...ideais...anseios...sonhos...felicidade. E será que quando você estiver anos à frente, lembrando de quando sonhava junto do seu amor, não lembrará o quanto era feliz e não se dava conta disso?
E que atire a primeira pedra quem souber exatamente o que fazer com o presente: essa entidade eterna que cabe em um milésimo de segundo. E que atire a segunda pedra quem nunca falou, falou, falou e não disse nada (como eu acho que não disse com esse texto). E a terceira pedra de quem nunca assistiu um filme ou leu um livro e “dialogou” com eles (é triste pensar que os melhores diálogos são do indivíduo consigo mesmo). E uma quarta pedra quem nunca compartilhou muito sem palavra alguma, mas só de fechar os olhos e imaginar uma vida maravilhosa, perfeita, feliz junto com alguém que fechou os olhos com você. Afinal de contas, o que é a realidade senão os pequenos mundos de fantasia que criamos para ela?
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